A união matrimonial que transcende à morte: a memória funerária da rainha D. Filipa de Lencastre como um projeto político da Dinastia de Avis

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Resumo

O artigo analisa a construção da memória funerária de D. Filipa de Lencastre (1360–1415) no contexto da consolidação da dinastia de Avis, destacando o matrimônio com D. João I como instrumento político fundamental no Portugal tardo-medieval. A pesquisa concentra-se na representação simbólica da soberana no Mosteiro da Batalha, inaugurado como Locus Sepulcralis da nova dinastia, e na idealização do vínculo conjugal como elemento central na legitimação régia. O estudo investiga as narrativas cronísticas de Fernão Lopes e Gomes Eanes de Zurara, os epitáfios e os elementos iconográficos da arca tumular como fontes principais, abordadas em diálogo com a historiografia e os estudos sobre a memória coletiva. Problematizamos a edificação de narrativas sobre a “boa morte” da soberana, celebrada como expressão de santidade, destacando sua influência nas estratégias políticas e simbólicas da dinastia. Portanto, propomos analisar como a memória funerária de D. Filipa cristaliza um projeto dinástico que transcendeu sua vida, perpetuando a imagem de uma rainha cristã ideal no imaginário político português.

 

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Publicado

2025-09-29

Como Citar

Rincon Azevedo, H. (2025). A união matrimonial que transcende à morte: a memória funerária da rainha D. Filipa de Lencastre como um projeto político da Dinastia de Avis . Revista Diálogos Mediterrânicos, (28), 39–59. Recuperado de https://www.dialogosmediterranicos.com.br/RevistaDM/article/view/486

Edição

Seção

Dossiê "Vínculos de poder: o matrimônio enquanto ferramenta política na Idade Média"